Análise de Double Dragon Revive para Switch

O gênero de beat ‘em up tem vivido um verdadeiro renascimento nos últimos anos. Títulos originais como Fight’n Rage (2019) e mais recentemente Absolum (2025) estão trazendo novas ideias e movimentando a cena. Além disso, reboots de clássicos como Streets of Rage 4 (2020) e Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge (2022) mostram como é possível atualizar jogos que marcaram época. Com tudo isso em mente, não é surpreendente que a Arc System Works quisesse reviver Double Dragon, um dos grandes responsáveis pelo surgimento desse gênero.

Depois de uma recepção morna com Double Dragon Gaiden (2023), a empresa decidiu recomeçar com Double Dragon Revive. Essa nova versão é uma abordagem mais direta da série que já tem uma longa história. Apesar de trazer algumas ideias interessantes, Double Dragon Revive acaba se mostrando uma experiência apenas razoável e falta um pouco de polimento.

A história do jogo é surpreendentemente envolvente e vem com cenas animadas em estilo anime, que são totalmente dubladas. A narrativa se passa alguns anos após o fim de uma guerra nuclear, em um mundo onde várias cidades-estado estão em conflito, cada uma dominada por grupos que conseguiram se impor. Na cidade natal de Billy e Jimmy Lee, a gangue Shadow Gang está no comando e, claro, acaba sequestrando Marian, a amiga de infância dos protagonistas. É aí que começa a jornada dos irmãos para resgatar a amiga. Embora não seja comum jogar um beat ‘em up por sua história, essa narrativa traz um frescor ao gênero, superando a estrutura básica que muitos jogos costumam usar.

Em termos de jogabilidade, Double Dragon Revive segue as convenções do gênero, mas com um toque especial: a ação acontece em um plano 3D, ao invés de um 2D estrito. Você ainda navega de tela em tela, enfrentando inimigos e às vezes pegando armas como facas ou marretas para fazer justiça nas ruas. Um dos novos recursos é a interação com o ambiente, permitindo que você arremesse inimigos em carros para eliminá-los rapidamente e ainda ganhar pontos extras.

Embora o jogo tenha uma boa base e ideias legais, a execução desses elementos deixa a desejar. O movimento dos personagens é rígido e, em algumas fases, o design dos níveis pode ser frustrante. Por exemplo, há uma parte que exige um desafio de plataforma que os controles não suportam bem. Além disso, muitas vezes você é atacado por inimigos que aparecem fora da tela, o que pode ser bem irritante. Essa frustração não é a mesma que se sente em jogos desafiadores como os soulslikes; aqui, a sensação é mais de desconforto.

Por sorte, o jogo apresenta um conjunto de movimentos que traz alguma profundidade e dinamismo. Além dos irmãos Lee, há dois personagens desbloqueáveis que têm movimentos únicos, oferecendo mais variedade ao gameplay. Decidir a hora certa de usar ataques especiais, que se acumulam conforme você combina os inimigos, transforma as batalhas em algo além de apenas apertar botões. E, como toda boa experiência de beat ‘em up, você pode jogar em modo cooperativo, seja no sofá com um amigo ou online. Contudo, a opção online parece um pouco vazia, mas a diversão do modo local é garantida, principalmente quando você e seu parceiro se unem para derrotar hordas de inimigos.

Em termos de rejogabilidade, o jogo oferece conteúdo suficiente para valer o preço. Ao final de cada fase, você recebe uma classificação com base na sua performance, o que incentiva a jogar novamente e dominar todas as etapas com diferentes personagens. Depois de completar a campanha principal, você pode explorar o modo “Extra”, que traz missões menores e mais detalhes sobre a história.

Visualmente, Double Dragon Revive poderia ser melhor. O estilo 3D é genérico e dá a impressão de falta de capricho. Os ambientes têm detalhes, mas são facilmente esquecíveis, e a animação dos personagens é um pouco dura. Embora nada seja horrível, a estética não impressiona. As cenas em anime se destacam mais, mas, ao voltar ao jogo, a diferença é notável.

A trilha sonora, por outro lado, é um ponto positivo. Ela combina diferentes estilos, como house, rock e pop, criando uma atmosfera energética que acompanha bem a ação. Às vezes, a música pode passar despercebida em meio aos sons das lutas, mas consegue ser um bom complemento para a experiência.

No geral, Double Dragon Revive é um jogo que acaba caindo na mediocridade. Ele não comete erros graves, mas também não se destaca como um beat ‘em up divertido e cativante. As ideias interessantes ficam ofuscadas por uma execução desigual e um estilo gráfico que pode ser difícil de engolir. Para os fãs do gênero, pode valer a pena dar uma chance, especialmente em uma promoção, mas definitivamente não é um título essencial para quem quer ampliar sua coleção de jogos de porrada. Quem sabe na próxima aventura, Billy e Jimmy consigam impressionar mais?