Análise de Indika para Switch | Nintendo Life

Indika é um jogo que se destaca por sua narrativa ousada e exploração única. É uma experiência que mistura surrealismo, direção de arte cinematográfica e uma crítica mordaz aos mecânicos tradicionais dos videogames. Porém, a versão para Nintendo Switch deixa a desejar. Para quem está pensando em jogar, é bom saber que a proposta do jogo é envolvente, mas o desempenho atual não é dos melhores.

No centro da história está Indika, uma jovem freira que vive em um convento na fria Rússia do período czarista. Ela enfrenta um dia a dia difícil, desprezada pelas outras irmãs e forçada a cumprir tarefas árduas, como carregar batatas e buscar água. À medida que você joga, uma voz sarcástica começa a interagir com a protagonista, sugerindo que se trata do próprio diabo. Contudo, fica a dúvida: será que esse ser é um demônio real ou apenas os próprios pensamentos intrusivos de Indika? Essa incerteza dá um peso filosófico à narrativa, que se aprofunda em questões como livre-arbítrio e a essência da alma humana.

A escrita do jogo surpreende com diálogos afiados, que lembram os personagens de Dostoiévski, refletindo sobre a natureza do pecado e a complexidade da fé. Indika também utiliza a mecânica de gameplay aparentemente tediosa como parte de sua crítica às estruturas que moldam a crença.

A jogabilidade em si envolve resolver puzzles simples que, muitas vezes, não são desafiadores. Você vai empurrar objetos, operar máquinas em fábricas e até manipular passarelas ao apertar um botão de oração. Também há momentos de flashback em pixel art que representam as memórias de Indika antes de entrar no convento, mas os controles podem ser um pouco confusos e exigem um tempo de adaptação. Esses trechos são bem diferentes do tom mais sombrio e realista da campanha principal, criando um contraste que pode ser um pouco desconcertante.

Uma característica interessante é a árvore de habilidades, que, na verdade, parece quase inútil. Você ganha pontos ao realizar ações religiosas, mas o próprio jogo sugere que esses pontos não têm valor. Apesar de tudo, muitos jogadores podem encontrar um prazer em explorar o mundo do jogo. Você vai ouvir o som da neve sob os pés, ventos uivantes e até o lamento de uma mulher ao fundo. Os ambientes são ricos em detalhes, iluminados por velas tremulantes, enquanto a trilha sonora mistura músicas eletrônicas com cânticos ortodoxos.

Porém, se você tiver acesso a outro console, é melhor jogá-lo lá. A versão do Switch apresenta muitos problemas. Durante minha jogatina, enfrentei quatro travamentos que me forçaram a recomeçar níveis. Em várias ocasiões, o jogo carregou de maneira bugada, deixando personagens e diálogos falhos. Além disso, as legendas às vezes não apareciam, e cenas que deveriam ter música eram silenciosas, enquanto NPCs continuavam suas danças sem som.

Graficamente, a versão do Switch também deixa a desejar. Os cenários são aceitáveis, mas as cutscenes, que são essenciais em um jogo tão cinematográfico, parecem de uma geração passada. Em modo portátil, a situação piora, com uma queda significativa na qualidade da imagem, tornando os detalhes quase indistinguíveis.

Jogar Indika no Switch pode ser frustrante, especialmente se você estiver aguardando uma experiência fluida e visualmente rica. A história é impactante, mas a execução técnica atual prejudica bastante a imersão.