Análise de O príncipe rebelde de Pérsia (Switch 2)

É difícil acreditar que já faz quase uma década desde o lançamento de Dead Cells. Esse tempo todo e as várias atualizações e expansões que vieram depois ajudaram a manter o jogo na lembrança dos jogadores. O estúdio original, a Motion Twin, passou a responsabilidade para um time de ex-desenvolvedores e novos talentos, chamado Evil Empire, que cuidou da maioria das atualizações, incluindo a incrível Return to Castlevania. Depois de concluir Dead Cells, a Evil Empire não parou por aí e trouxe uma nova proposta para a Ubisoft com este jogo que mistura elementos de roguelite, chamado The Rogue Prince of Persia. O jogo é uma espécie de sucessor espiritual de Dead Cells, mantendo muitas das ideias que fizeram o jogo original ser tão querido, mas também incorporando novidades que ajudam a criar sua própria identidade.

O que é interessante nesse novo título é que a história não é apenas um pano de fundo para a ação. Você assume o papel do Príncipe, um lutador habilidoso que, graças a uma bola mágica que ganhou na infância, consegue voltar no tempo sempre que é derrotado. A missão dele é defender a cidade de Tisfun contra uma invasão de Huns, que usam magia negra. Depois de uma primeira tentativa corajosa, mas fracassada, o Príncipe é revivido por um xamã misterioso acampado fora da cidade. A partir daí, ele tenta derrotar os generais Huns e salvar seu povo.

Um detalhe legal é como a narrativa se desenrola por meio de um sistema chamado Mindmap, que funciona como uma constelação. Ele rastreia eventos, personagens e itens importantes, o que ajuda você a escolher onde irá explorar em suas tentativas. Ao longo da jornada, você encontra personagens ou objetos que trazem informações que avançam a história, desbloqueando novas áreas ou oferecendo dicas para resolver quebra-cabeças.

O jogo também incentiva você a revisitar áreas já exploradas, pois para avançar em certas partes da história, pode ser necessário voltar em outra corrida com itens ou soluções que você encontrou em lugares diferentes. Isso faz com que cada morte e reinício se sintam como uma continuidade da aventura, em vez de um retrocesso.

A experiência de jogo é claramente influenciada pela experiência anterior da Evil Empire com Dead Cells. O combate é rápido, emocionante e desafiador. Cada nova tentativa começa com uma arma e uma ferramenta secundária de uso limitado, oferecendo opções suficientes para que você se sinta preparado, mas sem deixar espaço para relaxar. O Príncipe é ágil e habilidoso, deslizando por paredes e saltando entre estruturas, enquanto combate os inimigos com suas lâminas. Mas atenção: ele pode ser “frágil” e, se um inimigo conseguir acertá-lo, é fácil acabar em apuros.

Uma grande parte do que torna o combate tão envolvente é a variedade de armas e inimigos. Cada arma tem um estilo único e oferece ataques especiais, enquanto os inimigos possuem padrões que, embora bem definidos, exigem timing preciso. O resultado é um combate dinâmico, onde você precisa se mover com atenção, priorizar alvos e gerenciar seus próprios movimentos para causar o máximo de dano possível.

Essa fluidez se estende também ao aspecto de plataforma do jogo, que é desafiador, mas não punitivo. O Príncipe consegue correr pelas paredes, o que ajuda a conectar saltos entre plataformas. Com o tempo, você aprende a ler o terreno e a se movimentar com facilidade, lembrando jogos como Sonic, onde a agilidade é recompensada com velocidade. Existe até uma mecânica chamada Vayu’s Breath, que aumenta sua velocidade se você conseguir sincronizar os saltos perfeitamente.

Tudo isso se junta para criar uma experiência que flui de uma forma que poucos jogos do gênero conseguem igualar. Derrotar inimigos, escalar obstáculos e coletar recompensas faz com que você se sinta quase puxado para o próximo objetivo. E, mesmo com as inevitáveis mortes, o jogo é tão divertido que você se vê voltando para a próxima tentativa logo em seguida.

A dificuldade está presente, mas há elementos de metaprogressão que ajudam a suavizar a experiência. A cada inimigo ou chefe derrotado, você ganha experiência que pode ser usada em árvores de habilidades que vai desbloqueando ao longo do jogo. Isso inclui aumento de vida máxima ou a capacidade de carregar mais poções. Além disso, as almas coletadas durante as corridas podem ser gastas em novas armas e ferramentas, aumentando a variedade de builds nas tentativas seguintes.

Com tudo isso, sempre parece que você está progredindo a cada corrida, independentemente de quão longe chegou. Muitas vezes, você volta ao acampamento com recompensas que estão apenas fora de alcance, incentivando novas tentativas para desbloquear armas ou habilidades. Porém, em alguns momentos, essas recompensas podem tornar o jogo um pouco mais fácil do que deveria. Para chegar ao final inicial, você deve levar cerca de 10 horas, e menos se já tem experiência com jogos desse tipo. Embora exista um sistema que aumenta a dificuldade em tentativas subsequentes, alguns jogadores podem achar que vencer é um pouco mais fácil do que esperavam, especialmente se estão acostumados com a dificuldade de Dead Cells.

Visualmente, The Rogue Prince of Persia impressiona, com um estilo artístico que lembra histórias em quadrinhos e paletas de cores variadas para cada bioma. Seja deslizando pelas águas frias do Aqueduto Arruinado ou desviando de lâminas e chamas nas quentes salas da Grande Academia, cada área é única e memorável. A ação acontece de forma suave, com 60fps tanto no modo dock quanto portátil, e a resolução é nítida em ambos os modos.

Esse novo título se destaca como uma entrada excelente e inovadora na longa série e é uma sequência digna do trabalho anterior da desenvolvedora. A ação fluida, os visuais deslumbrantes e o loop viciante se juntam para criar um jogo difícil de largar. Apesar de jogadores mais habilidosos acharem a dificuldade um pouco mais leve em comparação com outros roguelites, ainda é uma recomendação fácil para quem busca uma experiência mais acessível nesse estilo de jogo. A Evil Empire fez um ótimo trabalho em criar um jogo de ação impressionante e acessível.