Análise do Blippo+ na eShop do Nintendo Switch
Se você quer reviver ou entender como era a TV antes da internet, Blippo+ é uma verdadeira viagem no tempo. Lançado inicialmente no Playdate da Panic, em maio, e chegando ao Nintendo Switch e PC em setembro, esse projeto é uma colagem incrível de nostalgia. A experiência é uma colaboração entre a banda Yacht, a Telefantasy Studios, o desenvolvedor Noble Robot e a própria Panic, que o transporta para uma época em que assistir TV era um evento e a imagem era apresentada em um clássico 4:3 cheio de chuviscos.
Vale destacar que Blippo+ não é um jogo no sentido tradicional, então, se você está em busca de algo para “jogar”, talvez seja melhor fechar a aba agora. O foco aqui é “assistir”, e isso se encaixa perfeitamente em uma simulação de rede de TV e uma experiência de vídeo como nenhuma outra. O jogo oferece clipes de uma variedade de programas fictícios que vão de transmissões públicas a canais a cabo e até mesmo emissões piratas de um planeta semelhante à Terra. Ele captura a essência dos anos 90, com uma estética vibrante e uma energia que lembra a Space Channel 5, remetendo a qualquer um que cresceu nas décadas de 1980 e 1990.
Imagine Bob Ross relaxando em um diner enquanto a música “Groove Is In The Heart” toca em loop. Essa é a vibração que Blippo+ entrega. Você pode mudar de canal à vontade, assistindo a clipes que duram cerca de um minuto, os quais eventualmente se repetem até que um novo “packette” esteja disponível. Além disso, você receberá notificações sobre novos pacotes e mensagens de Lisa Duo, uma das executivas do Blippo+, enquanto algumas interferências de uma anomalia espacial podem exigir que você ajuste manualmente o sinal.
Utilizando principalmente um Pro Controller, a experiência é bem flexível, e você pode optar por usar um único Joy-Con, caso prefira um controle mais simples. O jogo também permite que você diminua a animação de fundo e ajuste efeitos de estática, o que é uma mão na roda.
O que realmente impressiona em Blippo+ são as referências. Mesmo sendo 100% fictício, a variedade de programas captura perfeitamente a sensação de ligar a TV e mudar de canal três décadas atrás. Temos uma mistura de referências do tipo Star Trek, Dr. Who e sci-fi dos anos 70 com um toque de Cheers. Os personagens, como a garçonete de Countertop, trazem um ar de nostalgia que vai te fazer sorrir. Há também shows de perguntas e respostas, programas de culinária, animações com massinha, novelas, e até previsões meteorológicas psíquicas.
Cada detalhe é meticulosamente trabalhado, desde a interface que aparece quando o sinal está ruim até a edição que faz os clipes mudarem de canal no meio de uma fala. É tudo muito autêntico — cada elemento é como um carinho na memória de quem assistiu TV naquela época.
A trama que liga todos esses programas é leve e divertida, envolvendo a descoberta de um planeta Blip em uma galáxia distante. À medida que você assiste, personagens e temas de um show começam a aparecer em outros, criando uma rede de referências que aguçam a curiosidade. O tempo que passei com Blippo+ foi envolvente, e mesmo quando o tempo parecia passar, eu não queria perder nenhum detalhe, especialmente as tramas que se entrelaçam.
As atuações do elenco também são um grande atrativo. Para representar o clima da TV dos anos 90, é preciso ser não apenas bom, mas também um pouco exagerado, o que torna tudo mais realista e engraçado. Se você é da geração que cresceu nos anos 80, vai perceber como Blippo+ é uma experiência feita sob medida para você. Para quem não viveu essa época e sempre assistiu TV em 16:9, pode ser que o contexto faça falta.
Os canais “filler” são uma sacada inteligente que remete ao problema de oferta de conteúdo que as emissoras enfrentavam na época em que surgiram muitos canais. As homenagens divertidas a programas de baixo orçamento ajudam a transformar o que poderia ser um ponto negativo em um grande atrativo.
Blippo+ é uma experiência imperdível para quem cresceu assistindo Gamesmaster, MTV, e programas icônicos dos anos 80 e 90. É uma verdadeira obra de arte que captura a estética da TV da época de uma forma quase pessoal. Para aproveitá-la ao máximo, é melhor encará-la como um programa de TV: assista em curtas sessões, crie um gosto pelos seus favoritos e, se necessário, pule os que não te interessam tanto. A nostalgia e o apreço pela época são essenciais para realmente mergulhar nessa experiência.
