O jogo Mario & Luigi mais ágil completa 20 anos e merece mais atenção
Por muitos anos, Mario & Luigi: Partners in Time foi visto como o “patinho feio” da série. O jogo enfrentou críticas por sua estrutura mais linear, batalhas de chefes que pareciam longas demais (pelo menos na versão americana), e pela necessidade de comprar itens para usar os Ataques Bros. Além disso, a jogabilidade era um pouco complicada em certas partes. Para agravar, ele foi lançado entre dois dos títulos mais aclamados da franquia, o que não ajudou muito. E, para completar, não recebeu um remake, ao contrário de Superstar Saga (+ Bowser’s Minions) e Bowser’s Inside Story (+ Bowser Jr.’s Journey). Mas, mesmo não alcançando as alturas desses dois, eu diria que Partners in Time é um ótimo jogo por si só, e ainda mais relevante agora, duas décadas depois.
A aventura de viagem no tempo começa logo no início. O Professor E. Gadd inventou uma máquina do tempo, e a Princesa Peach está ansiosa para ser a primeira a testá-la. A surpresa vem quando, após a máquina voltar do passado, a Princesa desaparece. Agora, buracos do tempo aparecem por todo o castelo da Peach, e cabe a Mario e Luigi correrem para o passado e encontrá-la. Mas não para por aí. Eles também precisam recuperar os pedaços do Cobalt Star, um artefato que supostamente pode consertar a ruptura no espaço-tempo.
E, claro, não podemos esquecer que o Reino dos Cogumelos do passado está sob ataque dos Shroobs, uma raça de alienígenas semelhantes a cogumelos. Esses vilões são conhecidos por serem implacáveis e, mesmo hoje, estão entre os mais temidos do universo Mario. A atmosfera do jogo é mais sombria em comparação com outros RPGs do Mario, e essa pegada é bem recebida pelos fãs.
Mario e Luigi têm uma missão difícil, mas não estão sozinhos. As versões infantis deles também estão envolvidas na invasão dos Shroobs e mostram que, mesmo pequenos, são heróis capazes. Você encontrará versões mais jovens de personagens clássicos, como a Princesa Peach, o Professor Gadd, Bowser e até Toadsworth, que, pela primeira vez, é realmente útil em um jogo da série. A viagem no tempo permitiu que os desenvolvedores da AlphaDream explorassem a lore do Mario de uma forma única, algo que nunca tínhamos visto antes.
Os pequenos Mario e Luigi poderiam facilmente ser irritantes, mas, ao contrário do que muitos pensam, eles conseguem brilhar ao lado de seus eu mais velhos. Suas travessuras, acompanhadas de sons divertidos feitos por Charles Martinet, trazem um toque de leveza ao jogo. A adição dos botões ‘X’ e ‘Y’ no DS trouxe uma nova dinâmica ao já conhecido esquema de dois botões, tornando a jogabilidade intuitiva e acessível, mesmo para quem não tem tanta habilidade como eu. Você controla Mario e Luigi com ‘A’ e ‘B’, e os seus versões infantis com ‘X’ e ‘Y’. A exploração do mundo é uma delícia, cheia de movimentos criativos, novos e antigos. Um dos meus favoritos é o Baby Cakes, em que Mario e Luigi se enrolam em uma bola e achatom seus “eu” bebês como panquecas, permitindo que eles se encaixem em espaços apertados.
Acredito que a brevidade seja um dos maiores trunfos de Partners in Time. O jogo tem batalhas em turnos que realmente testam esse novo sistema de quatro botões. Mario e Luigi são os principais atacantes e defensores, enquanto os bebês atuam como apoio. Uma escolha de design interessante é que os Ataques Bros. são itens consumíveis. Admito que isso tira um pouco da estratégia das batalhas, mas pessoalmente prefiro não ter que me preocupar em repor meus Pontos Bros. frequentemente.
Os Ataques Bros. que conhecemos da Superstar Saga eram basicamente combinações de saltos e martelos, mas neste jogo, temos movimentos mais chamativos, como as Conchas Koopa que ricocheteiam nos inimigos, Flores de Fogo que permitem atacar com bolas de fogo, e Trampolins que possibilitam saltos quase infinitos. À medida que você desbloqueia novos ataques, eles se tornam cada vez mais divertidos de executar. Alguns, como a Concha Vermelha e a Flor de Cópia, não têm limite, o que significa que o ataque continua até você errar um comando. Com reflexos rápidos, é possível derrotar muitos chefes do jogo em apenas algumas rodadas.
Isso também ajuda a aliviar uma crítica que considero injusta: a quantidade de HP dos chefes. A reclamação foi tão comum que, nas versões europeia e japonesa, o HP foi reduzido consideravelmente. Como um jogador que possui a versão original, posso dizer que, exceto pelo chefe final, nenhum deles levou mais do que alguns minutos para derrotar, especialmente depois que você adquire movimentos que podem causar mais de 400 de dano por turno. Já passei mais tempo desviando de ataques excessivamente prolongados em jogos mais recentes, onde parece que os desenvolvedores priorizaram o espetáculo em detrimento de batalhas equilibradas que respeitem o tempo do jogador.
Partners in Time é uma experiência de Mario e Luigi bem direta. A trama avança em um ritmo agradável, contando a história que deseja sem se deixar levar pela excessiva complexidade de títulos posteriores. O foco é mais em uma narrativa linear, com mundos interligados e autossuficientes — uma escolha que pode ser debatida, mas que eu sinto que realça a clareza da história e da jogabilidade. No Metacritic, Partners in Time permanece como o terceiro jogo mais bem avaliado da série Mario & Luigi, consolidando seu status de joia esquecida. Não tem um mundo tão rico quanto o de Superstar Saga, e não chega aos altos épicos de Bowser’s Inside Story. Mas, olhando para trás, duas décadas e vários jogos da série depois, ainda considero Partners in Time um dos melhores da franquia.
